Superdotação e TDAH: práticas educacionais inclusivas de atendimento a estudantes do ensino fundamental e médio
Data
2023
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Editor
Universidade de Brasília
Resumo
Escolas com orientação inclusiva podem ser consideradas um meio eficaz de combate às
atitudes discriminatórias. Elas possibilitam a criação de ambientes educativos plurais que
valorizam a diversidade, os interesses e as habilidades individuais. Nas últimas décadas, temse observado um interesse crescente por parte de pesquisadores e educadores por estudantes
superdotados que apresentam, simultaneamente às habilidades superiores, dificuldades
comportamentais, emocionais e de aprendizagem. A sobreposição dessas características
aparentemente antagônicas é denominada dupla excepcionalidade. O objetivo deste estudo é
analisar práticas educacionais utilizadas no processo de inclusão de três grupos—estudantes
superdotados(as), estudantes com TDAH e estudantes superdotados(as) com TDAH—, do
Ensino Fundamental e Ensino Médio, segundo gestores(as) escolares, professores(as),
familiares e os(as) próprios(as) estudantes. Trata-se de uma investigação com abordagem
qualitativa de estudo de caso múltiplo. Participaram da pesquisa seis estudantes
matriculados(as) em classes comuns inclusivas da rede pública de ensino do Distrito Federal,
com idade entre 12 e 17 anos, e que frequentavam a sala de recursos para atendimento
educacional especializado aos estudantes com altas habilidades/superdotação ou a sala de apoio
à aprendizagem para atendimento aos estudantes com transtornos funcionais específicos, sendo
duas superdotadas, dois com TDAH, um superdotado com TDAH e uma superdotada com
TDAH. Contribuíram para a elucidação dos casos: gestoras escolares, professores(as) e
familiares, totalizando 20 participantes. As informações de pesquisa foram construídas a partir
de entrevistas semiestruturadas com todos(as) os(as) participantes, bem como por entrevistas
mediadas pela produção de desenho livre com os(as) estudantes. Além disso, foi promovida
uma análise documental da trajetória escolar e de desenvolvimento dos(as) estudantes com a
intenção de caracterizá-los(las). O método de análise de informações empregado foi a análise
xi
de conteúdo qualitativa. Os resultados indicam que a adoção de práticas educacionais
inclusivas (promovidas em prol dos três grupos de estudantes) é um processo de natureza
complexa que depende de uma multiplicidade de fatores para a sua concretização: (a)
implementação de políticas públicas, (b) oferta de atendimento educacional especializado, (c)
suporte acadêmico e socioemocional ao(à) estudante superdotado(a) com TDAH e estudante
com TDAH, (d) adoção da avaliação formativa e de práticas compensatórias para o(a)
estudante superdotado(a) com TDAH e estudante com TDAH, (e) formação continuada de
professores, e (f) envolvimento de toda a comunidade escolar e da família. Ademais, verificouse que a sala de recursos de altas habilidades/superdotação favorece o desenvolvimento do
potencial superior dos dois grupos de superdotados(as) investigado(as), assim como oferece
apoio às suas necessidades socioemocionais. Observou-se ainda que o estudante com TDAH
apresenta limitações mais intensas e persistentes do que o(a) superdotado(a) com TDAH
quanto ao desempenho acadêmico, às funções executivas e às questões socioemocionais.
Espera-se que esse estudo desperte o interesse de pesquisadores, professores, profissionais de
apoio e familiares quanto ao desenvolvimento de práticas educacionais inclusivas destinadas
ao atendimento de estudantes com tais características, ofereça subsídios para a implementação
de serviços de atendimento educacional especializado a esses(as) estudantes, bem como
colabore com a elaboração de políticas públicas voltadas à sua inclusão na classe comum,
particularmente de superdotados(as) com TDAH.
Palavras-chave
Práticas educacionais, Dupla excepcionalidade, Superdotação, TDAH